segunda-feira, 25 de julho de 2011

Pentelhos no Sabonete

Talvez uma das coisas que mais me tira do sério seja achar pentelhos no sabonete.
Não sei se está relacionado com o fato de eu frequentar o chuveiro com alguma periodicidade, e por isso tenha mais tempo para catar incômodos, ou o que. Mas todas as vezes que vou tomar banho, dou de cara com três ou quatro pêlos nojentos grudados no sabonete.
Dentre os motivos existentes, “o último usuário não notou que os havia deixado ali” é o que me é mais confortável acreditar. “O último usuário estava pouco se fodendo para o próximo” é o mais provável, enquanto “o último usuário deixou-os de propósito para se vingar de algo que eu fiz” seria se eu estivesse afim de armar um barraco.

Alguém por favor me explique qual a dificuldade em tirar os seus próprios resquícios do sabonete que acabou de usar? 
Sempre vai haver uma justificativa mais confortável para se acreditar.


Repasso, repasso e repasso a cena em minha mente. Nem sei porquê. 
Acredito que no intuito de naturalmente ir distorcendo os fatos até que eles se tornem um pouco mais agradáveis de se pensar. Continuo repassando tudo de novo e de novo, achando erros, criando acertos. 
Percebo que cansei quando meu cérebro arranja algo, dentro do contexto, muito supérfluo para se concentrar , como se aquilo representasse férias, umas férias neurológicas; como se desperdiçar neurônios tentando lembrar do que estava tatuado no braço daquela atendente fosse menos cansativo do que tentar tirar conclusões da situação toda. Tentar.
Não me satisfaço com conclusões que não me favoreçam. Não descanso enquanto não crio razões e subterfúgios para justificar tudo o que foi feito. E a conclusão tem de ser positiva.
Não há saldo devedor moral na minha conta. Nada de CERASA psicológica. Só lucros.
Penso que a verdade é dispensável. 
Quando o fato é imutável e o que me resta é lidar com ele, não vejo razão para me torturar com sinceridades implícitas. Aceito o que quero. 
Há pentelhos no meu sabonete! Há, e ponto final.
Minha vontade é de gritar até que venham os bombeiros tirá-los dali. Ou sair do banho, com o xampú na cabeça, criar uma máquina do tempo, invadir o banho do filho da puta e fazê-lo arrancar os próprios pentelhos à dentadas. Ou também guardar o sabonete debaixo do travesseiro até que a fada dos pentelhos venha e me faça rica.
Porém, o que faço é: fecho os olhos e coloco o sabonete na água corrente até que fique limpo.
Os pêlos se vão. E como surgiram já não me interessa. 


"Ficou difícil. Tudo aquilo nada disso. 
Sobrou meu velho vício de sonhar.
Pular de precipício em precipício, ossos do ofício.
Pagar pra ver o invisível e depois enxergar.

Que é uma pena, mas você não vale a pena."
(Não Vale a Pena - Maria Rita)

7 comentários:

  1. um beijo pra quem sabe ler nas entrelinhas sahsausahusahsauhsa
    AMEEEEI, como sempre perfeito, adoro analogias atri sahasuashasuhasuhas, mas muito bom mesmooo, tu nasceu pra isso meu amor...
    *-*
    te amo muito

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  2. Quando a pessoa lê um texto assim e meio que se enxerga em várias partes, meio que se vê no lugar de quem acha os malditos pentelhos, meio que se coloca no lugar da pessoa que, como todas as outras, simplesmente coloca o sabonete sob a água corrente até que tudo fique usável de novo.
    Como disse o rapaz aí (que é mais que apenas "o rapaz aí") 'adoro analogias'.
    Aconteceu agora, enquanto eu lia o texto, eu tive vontade de que eu mesmo o tivesse escrito. A última vez que eu tive esse desejo foi há uns dois meses, quando li um texto sobre o inverno e as comparações com a vida que a gente leva (texto que foi escrito há mais de dois anos, mas que só chegou a mim há esse pouco tempo).

    As últimas linhas do teu texto me fizeram pensar em catorze mil e quinhentas coisas ao mesmo tempo, tudo na minha cabeça em cinco segundos, como se fosse uma chuva de imagens e lembranças de um tempo que, apesar de ter sido ótimo, não voltará nunca mais.
    Mas "Os pêlos se vão. E como surgiram já não me interessa."

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  3. gente, morri com o comentario do viti :OOO

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  4. Como o Vitor disse: "Quando a pessoa lê um texto assim e meio que se enxerga em várias partes, meio que se vê no lugar de quem acha os malditos pentelhos, meio que se coloca no lugar da pessoa que, como todas as outras, simplesmente coloca o sabonete sob a água corrente até que tudo fique usável de novo." Mas não é uma simples questão de colocar de baixo da água corrente e pronto já pode ser usado. Nos passa aquele filme de uma pessoa tomando banho e largando seus restos mortais no sabonete. Para que vc não sofra mais com isso: Compre uma saboneteira e um sabonete pra ti. Ps: não to te tirando. Beijos, te amo motta. <3

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  5. Ai seus lindos.
    Rafa, brigada meu amore, e acho que tu é a única pessoa que comentou que realmente sabe do que eu estava falando uhauhauha, te amo <3
    Viti seu lindo, tua visão é muito ihnteressante, não tinha pensado nesse aspecto até, mas também não deixa de ser!
    Marcelo, realmente, oque eu preciso é de um sabonete diferente, só meu. ;)

    BEIJO :*

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  6. Por isso que eu uso sabonete líquido! Além de morar sozinha também, logo nunca passei por esse problema! hauuhahuauhauha

    Milena Greff

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