segunda-feira, 26 de julho de 2010

Quase Passei


A noiva entra. Suspiros por todos os lados.
Obviamente, suspiros como-ela-está-linda, e não suspiros que-alívio-jurei-que-essa-ficava-para-a-titia.
Casamentos são tão inspiradores! Eu, ao menos os acho interessantíssimos. Está certo, com essa minha visão meio teoria da conspiração, tudo parece interessantíssimo. Adoro casórios.
O ritual começa bem antes, no corre-corre para achar a roupa ideal. No caso do casamento de anteontem à noite, ocorreram dois contratempos.
O primeiro foi eu perceber que minha excelentíssima irmã havia levado todos os meus apetrechos de cabelo para viajar, deixando-me assim, obrigada a ir à cerimônia com o cabelo só lavado e secado – com o meu secador ruim, o bom ela levou. Nessas horas eu agradeço por ter o cabelo liso.
O segundo contratempo foi eu perceber, só na hora de sair, o quão pálida eu estava. Estes vestidos de alcinha nos obrigam a colocar os mondongos à mostra, revelando quantos verões fazem que não pegamos um bom bronzeado. Quando olhei-me no espelho, pude contemplar minha sedutora cor de ricota.
Antes de sair de casa, é preciso estar psicologicamente preparado para rebater comentários infames a respeito da sua roupa, cabelo, ou status do relacionamento amoroso.
 - Olá, querida! Anda sumida, hem?! E o maridão, como vai?
 - Estou bem, estou bem... O João vai bem também, ao menos é o que diz a nova esposa dele.
Vejo eventos sociais em geral, como testes de civilização. Explico-me. Tudo, desde a maneira como andamos até a velocidade com que devoramos o prato principal do menu, está ali só para que manifestemos nossa civilidade e controle dos próprios impulsos.
Durante a cerimônia, fui seriamente tentada a atear fogo no penteado luxuoso que a senhora à minha frente ostentava. E parecia estar me provocando! Cada vez que me posicionava um pouco mais à direita ou à esquerda, ela movia seu coque gigantesco na mesma direção. Aquele coque estava olhando-me torto, petulante. Quase conseguia ouvir baixinho: “Ei, psiu! Vamos lá, eu sei que sua amiga tem um esqueiro”. Entretanto, mantive-me nos eixos. Passei no primeiro teste.
Chegada é a hora do jantar. Não há lugar mais apropriado para testar civilidades do que à mesa. À beira da mesa, o ser humano remete à sua natureza mais primitiva, como um neandertal diante de sua presa. Fica difícil não ceder aos impulsos instintivos diante de delícias gastronômicas iguais às que haviam naquele casamento.
Ao início da janta, a fome já batia insistente. Mas foi preciso manter-me firme. Veio a entrada. Olho para o seu conteúdo – de tamanho nem próximo do tamanho da minha fome – e resisto bravamente à tentação de perguntar ao garçom se não era possível entrar duas vezes.
Sempre imagino os garçons como agentes, zombeteiros, responsáveis por grande parte dos testes civilísticos. Não sei porque, mas tenho a impressão de que estão sempre julgando o que, quanto e como comemos. Se peço um refrigerante light, recebo um olhar “Rá, acha que não vai engordar, só por que pede refrigerante sem açúcar”, se peço um refrigerante normal, recebo um olhar “Dsc, é por isso que engorda”. Tenho até a impressão de que eles fazem parte de uma sociedade secreta, em que têm o registro de todos os cidadãos frequentadores de restaurantes e eventos gastronômicos guardados em seus arquivos. É uma máfia poderosa, mas isso fica para outro post.
Mas o que, no final das contas, nos diferenciará de primatas platirrinos, será o jogo-de-cintura nas relações com manobristas de estacionamentos de casamento. É na hora da gorjeta que seus bons modos são provados. Obviamente, não na quantia que será dada, mas sim, na sua reação à reação do manobrista. Você coloca os dois olhos na bandeja, mas recebe um olhar “tá, e essa orelha?” e é preciso manter a calma. A minha vantagem neste teste é que meu pai foi quem lidou com isso, desta vez - vantagens de quem vai à casamentos enganchada com o pai.
A noite ia chegando ao seu fim, e eu estava me saindo muito bem. Não havia ateado fogo em ninguém, nem roubado as sobremesas dos meus colegas de mesa (ainda).
Despedi-me do pessoal, e andei em direção à saída.
Porém, a mesa de lembrancinhas me aguardava. Bem-casados lindos e enfeitados. Mantenha a compostura, Jéssica: “ ...e não nos deixeis cair em tentação”. Tá, já mantive a pose o bastante. Coloquei trinta deles nos bolsos e sai correndo. 
Mentira. Mas que peguei um para mim, e outro pro meu amigo imaginário, peguei.





* * *
Sessão #beijomeliga:
Beijo pro nosso (da Mah e meu) best mendigo maconheiro.

mendigo:  - Ei, meninas, conseguem um refrisinho?
Mah:   - Claro, refri ou Vodka?
Mendigo:  - Refri mesmo, alcool não, deusulivre, não bebo. Mas uma macoinha aaaah! Vocês têm um tequinho?
Jé:  - (caindo na gargalhada) Não, não, querido. Fica pra uma próxima...

Ah, tá né. Hahaha :B


Sessão #subnick:

" Deus é um cara gozador,
adora brincadeira.
Pois pra me jogar no mundo
tinha o mundo inteiro,
mas achou muito engraçado
me botar cabreiro."

(Partido Alto - Cássia Eller)


12 comentários:

  1. HAHA amei! Muito bom :D
    Tu listou vários motivos os quais eu odeio casamentos. Sempre tem pessoas irritantes, e sempre tem também aquelas que nos olham com cara de "Meu Deus, quem é esse ser". E eu ri muito na parte dos garçons! POSDKPASOK realmente, a mais pura verdade. Aguardo o post sobre eles (:
    Mais um problema de casamentos. Sempre tem bastante comida, e da boa. O grande problema é: se segurar. Se tu come demais, tu é o gordo devorador. Se tu come pouco, tu é o gordo devorador que está tentando enganar a multidão e que no fundo todos sabem que come demais. Essa situação é constrangedora. Mas tudo bem, eu nunca me seguro mesmo, sou sempre o gordo devorador :B
    Beijão Jé!

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  2. Hauhauhahua, sou gorda devoradora também T-k! Unidos contra os menús casamenteiros forever S2

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  3. KKKKKK! Nossa, seus posts são demais!
    Adorei!
    Eu odeio casamentos, muita gente, pouca comida... não é pra mim! haha!
    Beijos meu bem :*

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  4. Há. Eu ri, como sempre...
    Bonito era eu no trampo me segurando para não dar minhas gaitdas habituais!!

    Ri um pocado com a parte do cabelo da mulher...
    Realmente tem umas trastes que fazem esculturas nos cabelos...
    ú hj irei fazer uma flor, amanha um cachorro e ó quem sabe semana que vem faça uma vaca!
    ahusauhs

    Ah Garçons... Agentes do mal, C-E-R-T-O!!
    hahahaha

    Ah ainda fez bonito, só pegou UM bem casado a mais, se fosse eu, já ia pegar um pra minha tia que não pode vir porque tava doente, outros dois um pra mãe e outro pra irmã que tão viajando, pro namorado que tá longe e pro meu cachorro que é quase da família
    lala.

    ahsuahus

    O que foi a trova com o mendigo MACONHADO!
    #rilitros!!

    Bjo Gatona, postando em Anônimo porque tô naquele lanca lala.

    By Thasci

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  5. Bah Jéssica muito engraçado esse post, até minha mãe leu e disse: "Bah, a Jéssica escreve super bem, podia até ser redatora." rssssssss
    Amo casamentos pq nisso tudo a gente se diverte pacas tb! Adorei tua fala do refri pq sempre tomo light e sempre tem alguém que diz: "Refri ligth engorda Pq só gente gorda bebe isso." Ninguém merece!!! bjoks querida!

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  6. HAHAHAHAH Eu não posso dizer muito sobre casamentos, tenho 15 anos e só fui em 1 até agora... :/
    Mas não gostei... Foi chato e nem tinha muita comida boa...

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  7. Fantástico!

    Que delícia de relato, isso é humor da primeira qualidade!

    Depois dessa, virou link obrigatório na minha lista de prediletos.

    Beijo!

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  8. hm...n posso falar muita coisa..acho que só fui em 1 ou 2 casamentos..é terrível não ter roupa social.. e os garçons..se te mandarem aquele olhar...tem que pedir mais ainda, pra eles aprenderem o lugar deles O/ -qqqq asuhdhuasd
    post ótemo. devia ter roubado um bem-casado pra mim também né mas...sauhdsahuds
    bjs pra ti
    ps: qual foi a sensação de pegar um a mais? :P PODEEEER -q

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  9. "Peguei um para mim e outro para meu amigo imaginário..."
    1º Não sou teu amigo, olha o respeito.
    2º Não sou imaginário, sou bem real.
    3º Jéssica, CADÊ O MEU BEM-CASAADO !!!?

    Tio Vomiiiil
    Bjocas
    (Mas vamos passar um salzinho nessa boquinha...)

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  10. QUEE salzinho OQUE, a boca é minha porra.
    Vão cuidar dos seus próprios orifícios corporais.

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  11. Muuuuuuuuito bommmmmmmmmmm
    rsrsrsrs

    Já foi surpreendida pelo garçom quando vc pede uma COCA-LIGHT (ou zero) e ele diz "PODE SER PEPSI SENHORA?"
    Que vontade de responder:
    - NÃO PORR* EU PEDI COCA! QUAL PARTE VC NAO ENTENDEU?

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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