Gotas Cadentes

Ploc. Ploc. Ploc. Ploc.
Pláf!
- Jé, não pisa aí!
Cháá!
Sploch.
-aimeudeus, Scarlet corre!
Bii biii!
Blup.
Chuá!
-Mas que *$#(censurado)*$#!


Sabe o que é isso?
É o áudio da cena: duas aventureiras atravessando Porto Alegre a nado para chegar ao curso no sábado pela manhã - abaixo de chuva, Poseidon, melhor dizendo. O vento metropolitano consegue ser forte a ponto de o guarda-chuva só servir para manter a testa seca; o resto é molhado sem a menor dificuldade. Isso quando o guarda-chuva não vira uma arma para se defender do ataque das pombas/ratazanas-voadoras. Saravá!
Depois de tanta pesquisa, de todo o avanço tecnológico, da globalização (não-saudade das aulas de geografia), a gente nem pára pra pensar nesse tipo de coisa, obviamente, mas a chuva é uma coisa muito louca. No mínimo intrigante.
Ah, pára! Tem coisa mais psicodélica do que cair água do céu (pensamentomedieval.com)?! Pensa bem, se não soubéssemos que a chuva é fruto da água, que ao entrar em ebulição, forma nuvenzinhas que condensam e voltam pra cá, as teorias a respeito seriam inúmeras - foram, né, há muito tempo, antes do advento da Wikipedia.


Vamos começar com a igreja.
Cena 1, ação!
1635 (D.C.). O frio era intenso. O vento tornava o caminho que levava Gesodaias (deusquemeperdoe) e seu pai à praça principal da cidade, onde estavam sendo queimadas algumas bruxas, mais longo do que deveria ser. Ouvia atentamente as palavras de seu pai; pareciam-lhe bastante sábias, ditas com tamanha eloqüência.
-Quantas vezes terei de te explicar isso? O Senhor-todo-poderoso manda a chuva para castigar os ímpios!
- Os ímpios? - já estava inquieto - E Deus não encontrou alguma maneira de punir somente eles, então?
-Filho, todos nós temos pecados. Por isso, todos recebemos o castigo do Divino. Lembra-se do dilúvio de Noé, cujo sermão da manhã de ontem falava a respeito? Desde a destruição da terra pelo dilúvio, Deus manda chuva para lembrar-nos da nossa natureza pecaminosa.
- Mas pai, não chegará o dia em que a terra inundará novamente? Para onde vai toda a água que nos é enviada? - indagou Gesodaias.
-Não. As tartarugas voadoras gigantes, que seguram as quatro pontas da terra, plana, se encarregarão de beber a água sobressalente.
-E as tartarugas não beberam a água no dilúvio de Noé?
-Elas estavam rezando na hora, filho. A propósito, vá fazer o mesmo agora, ou não compro seu pedaço do céu na Feira das Indulgências dessa semana. 
Corta!
Tenho a impressão de que a igreja ainda tem essa teoria.
Teorias indígenas são bastante criativas. 
Cena 2, claquete!
-Ó poderoso Pagé Ubiraguaranára, venho em favor do meu povo, rogar-lhe que nos revele o motivo das chuvas contínuas que devastam nossas plantações e pedir que detenha-nas.
Aquele guerreiro fazia o Pagé remeter-se ao seu tempo de guerreiro. Sua curiosidade tinha-o feito roubar o Livro Sagrado da aldeia, aos 14 anos de idade. E ainda mantinha, em segredo, o livro em seu poder. Decidiu buscá-lo e responder ao pedido do nobre guerreiro.
-Sente-se, guerreiro - disse Ubiraguaranára -  O motivo de seu penar teve origem há muito tempo. Em uma aldeia pequena da região, vivia uma índia chamada Quecuátsu (wolverine.com :B), que possuía beleza inigualável. Seu cabelo era preto como as asas da Graúna e seu hálito era como o aroma da baunilha (ho...familiar isso aí). Esta índia era responsável pela colheita de trigo, junto às outras moças da tribo, que só ocorria uma vez ao ano. Porém, durante uma das colheitas, seu amado noivo foi brutalmente morto pela tribo inimiga em um ataque sorrateiro e voraz à sua aldeia. Ao retornar da colheita, Quequatsu deparou-se com os corpos dos guerreiros atirados pelo chão. Ao atentar com os olhos, desesperou-se ao ver seu noivo com uma lança cravada em seu peito. E, num arroubo instantâneo-depressivo-suicida, retirou a lança da carne de seu amado e perfurou seu próprio peito para, assim, poderem unir-se em espírito. Desde esse dia, uma vez por ano, Quequatsu chora durante a época da colheita de trigo, em um pedido de paz a todos os guerreiros.
-Há alguma maneira de cessar seu pranto? -indagou o guerreiro, finalmente.
-Quando cessarem todas as guerras na terra, cessará também seu pranto, e as chuvas excessivas por conseqüência, então haverá fartura em todas as tribos e nações.
Corta!
Deve ser por isso que chove até hoje. Só que a indiazinha esqueceu de chorar um pouquinho nas savanas, no Namíbia, no Saara... ah, é que lá não tem trigo (nem trigo nem nada, diga-se de passagem)! Dã.
Mas a teoria da Maria Antonieta deveria ser, sem dúvida, a mais interessante.
Cena 3, gravando!
O verão se aproximava, assim como o tédio de M. Antonieta. Como odiava o verão; levava embora sua tão alva e divertida neve! O inverno fora rápido demais e precisava ser prorrogado.
-Lisieux! - gritou, afoita - Traga-me mais inverno! Agora!
-Mas, mademoiselle, não é possível trazer-lhe tal coisa...
-Como não? Como poderei brincar com a neve sob esse sol?!
-Rogo-lhe que poupe minha vida - pediu, estendendo-se aos pés de M. Antonieta. 
-Preencha os campos com açúcar, assim poderei entreter-me neste verão e sua medíocre vida será preservada.
-Mas... e durante as chuvas?
-Hum... bem pensado, cara Lisieux, assegure-se de que não haja chuva alguma. Não será difícil, já que a chuva é fruto de um feitiço realizado pelos pobretões-anti-monarquistas para pôr fim à minha felicidade. Ordene que cortem-lhes a cabeça e a chuva cessará para sempre! 
Cortacortacorta!
O Ministério da Saúde adverte: ego em excesso pode causar dependência química e psíquica. E morte aos 38 anos na guilhotina.


Tendo origem em entidades espirituais e políticas ou no resultado de uma série de reações químicas estudadas no Ensino Fundamental, a chuva tem uma capacidade de despertar os mais distintos sentimentos que eu acho incrível.
No estudante atarefado, desperta o sono incurável. Na gordinha preguiçosa, desperta a fome indesejável. No cidadão não-possuidor-de-qualquer-automóvel, desperta o ódio mortal de ver seus sapatos sendo obrigados a ser expostos até a parada de ônibus. No casal apaixonado, desperta o sentimentalismo romântico-meloso-quase-diabético durante seu beijo ao ar livre.
Vai ver foi a chuva que inspirou o Ricky Martin a permanecer no armário por tanto tempo.
Já saiu?
Ah, vai chover.






* * *
Sessão #beijomeliga:
Um beijo pra quem acordar a nossa seleção, porque eu tenho a impressão de que eles estão jogando dormindo. Portugal?! Peloamordedeus! 
Tenta contar uma piadinha pro goleiro antes de chutar, que ele vai ficar parado pensando o primeiro tempo inteiro. 


Um BAITA beijo pra quem entrar no hotel da seleção da Argentina e cortar as pernas de todos os jogadores cabeludos, e roubar suas garrafinhas de água-cocainada.


'- Hello, Maradona. I wanna play a game.'






Sessão #subnick:


" If you put two and two together, you will see what our friendship is for." ♫
(Spice Girls)


-uul, adoro Spice Gilrs. :B